Textos para ler e se divertir - 01
No guichê da Rodoviária de São Paulo, o português presta atenção na forma como o brasileiro que está na sua frente pede uma passagem ao vendedor:
- Aparecida, ida.
Finalmente, chega a vez de o português pedir a sua passagem. Resoluto, certo de que aprendeu como deve proceder, ele se dirige ao vendedor:
- Ubatuba, uba.
***
Na escola, a professora manda um aluno dizer um verbo qualquer e ele responde: - Bicicreta. A professora, então, corrige: - Não é “bicicreta”, é “bicicleta”. E “bicicleta” não é verbo. Ela tenta com outro aluno: - Diga um verbo! Ele arrisca: - Prástico. A professora, outra vez, faz a
correção: - Não é “prástico”, é “plástico”. E “plástico” não é verbo. A professora faz a sua última tentativa e escolhe um terceiro aluno: - Fale um verbo qualquer! - Hospedar. A professora comemora: - Muito bem! Agora, forme uma frase com esse verbo. – Os pedar da bicicreta é de prástico.
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Quanto ao nome da Alfaiataria Aguia de Ouro cresci ouvindo meu pai contar que alguém de passagem por uma cidade do interior (nada contra a cidades do interior) e precisando de um alfaiate pediu informações e lhe foi recomendado um logo ali, muito bom.
Ao ver a placa da alfaiataria disse ao proprietário lamentar muito, que embora lhe tivessem dito se tratar de um alfaiate de mão cheia, não confiava em alguém que escreve errado o nome do próprio negócio.
- O acento, o senhor não colocou o acento de águia, Alfaiataria Águia de Ouro.
O alfaiate olha o visitante com estranheza e explica:
- Não, senhor, Aguia [agúia] de Ouro.
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Excelentíssimo Sr. Juiz
Certa vez, ao transitar pelos corredores do fórum, fui chamado por um dos juízes ao seu gabinete.
- Olha só que erro ortográfico grosseiro temos nesta petição.
Estampado, logo na primeira linha do petitório, lia-se:
"Esselentíssimo juiz". Gargalhando, o magistrado me perguntou:
- Por acaso esse advogado foi seu aluno na Faculdade?
- Foi sim - reconheci. Mas onde está o erro ortográfico a que o senhor se refere ?
O juiz pareceu surpreso:
- Ora, meu caro, acaso você não sabe como se escreve a palavra excelentíssimo?
Então expliquei-me:
- Acredito que a expressão pode significar duas coisas diferentes.
Se o colega desejava se referir a excelência dos seus serviços, o erro ortográfico efetivamente é grosseiro. Entretanto, se fazia alusão à morosidade da prestação jurisdicional, o equívoco reside apenas na junção inapropriada de duas palavras. O certo então seria dizer "esse lentíssimo juiz".
Depois disso aquele magistrado nunca mais aceitou, com naturalidade, o tratamento de excelentíssimo juiz. Sempre pergunta:
- Devo receber a expressão como extremo de excelência ou como superlativo de lento?
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